Depois de Marraquexe, seguiu-se Fez, considerada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.
Foram 8h de viagem de comboio (206 dhm), na qual aproveitámos para acabar de ver a 2ª season de Narcos e ainda conseguimos começar a ver Atypical. 😉 Fez não é uma cidade pela qual se morra de amores, é uma terra com história, é uma das quatro Cidades Imperiais, a mais antiga de todas. A Medina de Fez tem mais de 1200 anos e muitos consideram-na a mais autêntica medina árabe do mundo onde não circulam carros.
Como no primeiro dia chegámos às 18h30 já não fomos visitar nada. Tínhamos de descansar, porque a viagem tinha sido puxadinha.
No dia seguinte, no nosso riad aconselharam-nos a ir com um guia turístico porque todos os turistas se perdem nas mais de 9 mil ruelas. São mais de 20 mil fontes na cidade, cerca de 185 mesquitas, palácios e madrassas e os souks não são tão apelativos como os de Marraquexe.
A nossa experiência com o guia não foi a melhor. Pagámos 20€ e ele supostamente iria andar a guiar-nos por cerca de 4h. Ao fim de 1h45 “despachou-nos” e basicamente fomos às “capelinhas” dos primos, que é como quem diz, andámos de loja em loja com ele. Portanto, não sabemos bem até que ponto não teria sido mais proveitoso termos ido por conta própria, à aventura, como havíamos feito em Marraquexe, durante 4 dias.
Muita coisa ficou por ver, de entre as quais a Mesquita Kairaouine – considerada a segunda maior mesquita de Marrocos, a Madrassa Bu Inania, a Madrassa Attarin, o miradouro Borj Sud, a porta Bab Boujloud, a Universidade Al Quaraouiyine. Enfim, uma quantidade de monumentos que certamente nos iriam dar uma outra impressão de Fez.
Vamos então focar-nos naquilo que o nosso “querido” guia nos levou a “visitar”.
Começámos por uma Fábrica de Mosaicos e Argila, fora da Medina.
A cerâmica de Fez é conhecida mundialmente, quer pelas cores, quer pelo modo de fabrico totalmente artesanal. Aqui explicaram-nos todo o processo, que é complexo e demorado, e depois de passarmos pelas várias fases conseguimos perceber que aquelas peças não são tão caras assim.
Primeiro mostram-nos as matérias-primas e os fornos de lenha, para depois nos mostrarem a pintura, linha a linha, e a montagem das peças, uma a uma. Um trabalho minucioso e bastante moroso!
No final da visita passámos, claro está, pela loja onde se encontram todo o tipo de peças, das maiores às mais pequenas, de todas as cores e feitios.
De seguida fomos a um passo acelerado pelas ruelas da Medina, que não é plana como a de Marraquexe, até nos levar a um miradouro, a partir do qual conseguimos ver uma pequena parte da gigantesca parte antiga da cidade.
Caminhámos mais um pouco e vimos por fora a Madrassa Sahrij, que é uma das duas madrassas que estão conectadas, sendo que a obra de Sharij foi terminada em primeiro lugar e a Madrassa al-Sebai’yin foi concluída dois anos depois.
Perto desta Madrassa está a Mesquita de al-Andalusiyyin (ou Mesquita de Andaluzia), mas só tivemos oportunidade de ver o portão.
Seguia-se a visita aos famosos Curtumes de Fez, que parecem colmeias cavadas no chão.
Aqui curtem-se os couros, ou seja, trabalham-se as peles de quatro tipo de animais (cabra, carneiro, vaca e dromedário), para depois terem diferentes utilizações. Nesta visita também explicam detalhadamente cada fase do processo. De forma resumida, há um primeiro tratamento líquido e depois passam os couros para os tanques das cores, que ficam de molho cerca de quatro dias. Estávamos a contar que o cheiro fosse muito intenso, difícil de aguentar, mas surpreendentemente nem fizemos uso do raminho de hortelã.
Depois dos Curtumes fomos visitar uma loja onde produzem todo o tipo de lenços de seda e ainda uma Cooperativa Feminina que produz e vende óleo de argão nas mais diversas formas, seja para uso culinário ou para cosméticos.
De seguida fomos por nossa conta à procura do Palácio Real, que é a residência oficial dos monarcas marroquinos. Construído em 1864 no lugar de um palácio mais antigo, é hoje rodeado de uma muralha defensiva, com uma grande entrada principal.
Ali ao lado fica o Mellah, o bairro judeu de Fez e é fácil perceber que estamos neste local. As casas do Mellah facilmente se distinguem das casas muçulmanas pelas suas janelas sobre o exterior e as suas varandas de madeira e de ferro forjado.
Voltámos para o Riad. No dia seguinte esperava-nos a viagem para Casablanca.
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