Opinião

Quarentena produtiva: dicas de leitura

Março 19, 2020
dicas de leitura

Como os tempos são de recato social e estar em casa é a ajuda mais preciosa que podemos dar a quem está na ‘frente de batalha’, decidimos reunir dicas de leitura, por acreditarmos ser uma atividade fundamental agora que tens mais tempo disponível.

1984, de George Orwell 

Para quem aprecia um bom clássico, 1984 é uma obra respeitada que conquistou popularidade por abordar uma das grandes chagas contemporâneas, o totalitarismo.

“Era um dia claro e frio de Abril, nos relógios batiam as treze”, é assim que inicia o livro. A frase omite o ano, mas isso acaba por ser redundante, uma vez que ele dá o nome à obra. Escrito pelo jornalista britânico George Orwell e publicado em 1949, a obra nasceu destinada à polémica, talvez por descrever tão bem a tortura política e por incorporar em si uma completa transversalidade temporal.

Além de ser um clássico intemporal, podemos aproveitar o livro para fazer uma reflexão sobre os tempos que vivemos e sobre aquilo que poderá vir a acontecer, tendo em conta as tendências totalitárias das sociedades do século XXI. E, se pensarmos bem, a realidade que a obra nos apresenta não está assim tão distante. Temos o caso de Londres, que é uma das cidades com mais câmaras de vigilância nas ruas. Claro está que os efeitos vêem-se nos índices de criminalidade baixos, mas será que isto justifica o ataque à privacidade e a vigilância constante? 

O Fio da Navalha, de William Somerset Maugham 

Temos muitas obras literárias que se baseiam em histórias de ex-combatentes de guerra que regressam ao seu país, mas poucas se tornaram tão emblemáticas quanto esta.

O Fio da Navalha fala-nos do jovem americano Larry Darrell que volta aos EUA depois de ver o seu melhor amigo morrer nos campos de batalha da Primeira Guerra. Completamente diferente do Larry que foi, em pouco tempo decide deixar a vida burguesa de Chicago e viaja para Paris, em busca do seu sentido existencial. Entre cafés e livros, descobre o potencial de um mundo novo entre o Nepal e a Índia. E assim inicia uma viagem espiritual repleta de recomeços e descobertas.

Diz-me Quem Sou, de Julia Navarro

Diz-me Quem Sou é um daqueles livros com o enredo tão bem delineado que apetece ler sempre mais uma página. É um romance de época, que atravessa todo o século XX, com a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, no corpo de uma mulher que se torna espia. Amélia passa de menina frágil e sonhadora a mulher de causas, lutadora e sofrida.

A escrita fluída e envolvente traz-nos intriga, fanatismo de ideologias políticas, espionagem, amor, traição e atrocidades humanas: um breve retrato da história do século anterior. Não se deixem ‘assustar’ pelo tamanho do livro. Acreditem que é viciante e difícil vai ser parar de o ler.

Podem ler mais sobre este livro, aqui.

Planisfério Pessoal, de Gonçalo Cadilhe

Planisfério Pessoal faz-nos pensar sobre uma questão essencial: é possível viajar evitando o avião, em pleno século XXI? Sim, foi o que fez Gonçalo Cadilhe ao percorrer 4 continentes, 3 oceanos, 38 países e muitos milhares de quilómetros somados.

Já que viajar é uma das atividades que devemos evitar por estarmos no combate a esta Pandemia, Cadilhe tem o condão de nos transportar numa viagem à volta do mundo e ao coração das pessoas que nele habitam, através de textos despretensiosos dessa aventura emocionante.

O Jogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón

Com uma narrativa hipnotizante, O Jogo do Anjo conta-nos a vida de um jovem escritor, perseguido por desgraças desde a infância, que recebe uma proposta inquietante de um misterioso editor para escrever um livro, em troca de uma fortuna.

Entretanto, o escritor descobre que na casa onde vivia alguém tinha experienciado uma história muito semelhante à sua, sendo que acabou por falecer envolto num grande mistério. Ao longo do livro, vai-se arrependendo do contracto que fez e tenta fugir do misterioso editor, a quem deu o nome de O Patrão. Tudo isto decorre na intensa Barcelona dos anos 20 e envolve-nos em páginas e páginas de intriga.

A Sombra do Vento é outra boa sugestão de leitura para quem gosta do estilo narrativo de Carlos Ruiz Zafón. 

A Arte de Viver, de Thich Nhat Hanh

A Arte de Viver está aqui nas sugestões por ser um livro que nos ajuda a encontrar alguma paz e liberdade. Escrito por um dos maiores líderes espirituais e pioneiro do mindfulness, é uma obra essencialmente inspiradora que nos mostra a importância de olharmos para nós mesmos e desenvolvermos a compaixão. Dado o momento, parece-me bastante ajustado.

De forma muito breve, e esperando que vos capte a atenção, este livro dá-nos a conhecer 5 práticas de mindfulness, na esperança de que encontremos um novo significado de ‘existir’: a reverência pela vida; a consciência de que a felicidade depende da nossa atitude mental; a prática do amor verdadeiro; um discurso terno e uma escuta profunda; e um consumo consciente.

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

Arrisco-me a dizer que Mulherzinhas é um daqueles livros simples que todos devíamos ler, independentemente da faixa etária e do género. E porquê? Especialmente por estar repleto de significado e nos pôr a pensar sobre a nossa vida. A mim acaba por me deixar grata e lembra-me que não devemos reclamar do que temos, mas antes agradecer o que conquistámos.

Numa literatura ligeira, é-nos contada a história das irmãs March, quatro adolescentes que vivem com a mãe e uma criada, sendo que o pai partiu para a Guerra Civil Americana. Cada capítulo traz-nos peripécias das irmãs que não são perfeitas, mas que vêem na mãe um exemplo a copiar.

Cada uma é diferente das outras e cada uma tem os seus defeitos e virtudes. Temos uma Jo rebelde, muito ‘maria rapaz’, que sonha ser escritora e desafia a ideologia que circunscreve as mulheres ao lar. Depois temos uma Meg, cujo principal objetivo é ser bela, ter boas maneiras e casar. Amy, a mais nova das irmãs, tem um lado artístico e procura sempre a sua melhor versão. Beth é a que tem a personalidade mais doce e acanhada.

Tal como A Arte de Viver, considero esta obra literária bastante oportuna por ter uma Louisa May Alcott que nos estimula a focar no lado positivo das coisas e a fazer o nosso melhor para ultrapassar as adversidades. Este é o momento!

Quais são as tuas dicas de leitura para nós?

Estes são alguns dos livros favoritos da Eduarda. Gostávamos que também tu partilhasses as tuas dicas de leitura connosco!

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